A união de saúde e tecnologia fez surgir uma nova forma de acompanhar pacientes com problemas renais. Reunindo conhecimentos de diversas áreas, o objetivo é solucionar problemas de saúde por meio da inovação tecnológica. É neste âmbito alunos de uma universidade particular elaboraram um aplicativo chamado “Nefrontec” que auxilia no tratamento de Doenças Renais Crônicas (DRC).
O aplicativo foi concluído em 2023 e em março deste ano foi publicado na “Research, Society and Development”, uma revista científica multidisciplinar focada em promover o desenvolvimento social, científico e tecnológico. O artigo apresenta uma plataforma que, além de monitorar pacientes pós-hemodiálise, pode também gerar uma redução de custo, ajudar a otimizar o trabalho de profissionais da saúde e melhorar o atendimento e cuidado com os pacientes.
Desenvolvido pelos alunos José Lucas Santos, Fabielle Gimenes, Erivan Filho, Victor Gustavo Castro, Heloísa Matias, Samuel Paranhos, a plataforma apresenta uma nova forma de acompanhar doenças renais. O protótipo também possibilita o acesso a diagnósticos, orientações de saúde, consultas, evolução clínica e entre outros. Além disso, também é possível acessar o serviço móvel de urgência, bem como consulta vídeos educativos acerca do autocuidado, cuidados com fístulas e cateteres.
O aplicativo surge em meio ao aumento significativos de pacientes em diálise. Na última década, entre 2009 e 2020, o Censo Brasileiro de Diálise (CBD) apontou que houve um aumento de 86,5% de pacientes nesta condição, passando de 77 mil casos para 144 mil. Além disso, de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), as doenças renais crônicas afetam mais de 10 milhões de pessoas no país. A última atualização de pacientes em diálise foi divulgada em 2022, pelo SBN, que mostra 155 mil pessoas nesta condição no Brasil. Diante deste cenário, os alunos do projeto pensaram em como usar a tecnologia para ajudar as pessoas que vivem nesta condição.
A estudante de medicina Heloísa Matias explica que o Nefrontec surgiu da problemática sobre a observação de pacientes dialíticos em casa. O tratamento da hemodiálise pode ser exaustivo, intrusivo e alguns pacientes podem sentir dor de cabeça, desidratação, câimbras, reações alérgicas, enjoos e calafrios. A partir destes efeitos, surgiu a ideia de criar um meio que tornasse possível monitorar quais as complicações e o que pode ocorrer com o paciente em casa.
“Nesse semestre, focaremos na divulgação do projeto, bem como, auxílio nesse processo de criação de um produto mínimo viável. Caso obtenhamos sucesso com o aplicativo, expandi-lo é algo que pode ser pensado futuramente”, declarou a estudante.
Líder do projeto, José Lucas Santos, aluno de Enfermagem, explica que a ideia surgiu junto com Samuel Paranhos, também integrante da pesquisa, com a proposta de diminuir os casos de agravamento da doença. “Hoje, no mercado não existem aplicativos voltados para pacientes dialíticos (que possuem insuficiência renal crônica), principalmente em homecare, esse app visa diminuir a incidência de agravamento das complicações da hemodiálise, bem como idas desnecessária à Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”, explicou Santos.
O protótipo da pesquisa foi testado em ambiente simulador com 10 pacientes. De acordo com Lucas Santos, o aplicativo tem potencial de agregar outras áreas da saúde tais como resultados de exames, alarme de horários de medicamentos, bem como outras funcionalidades para uma assistência integral.
O Nefrontec também indica hospitais perto e que estejam disponíveis para atendimento. Para os alunos, a principal inovação do aplicativo é: “Disponibilizar suporte 24h aos pacientes, possuindo diversas funções desde sanar dúvidas, à acionar serviços de emergência. Além disso, possibilitando que os pacientes de interior, ou que morem longe de onde são atendidos, tenham mais segurança e conforto, e assim não precisem se deslocar a cada atualização do seu quadro (suporte a distância)”.