Estudo da UFRN mostra como o mosquito da dengue escolhe locais para desova

RN SAÚDE

Uma pesquisa realizada por especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) trouxe novas descobertas sobre o comportamento reprodutivo do Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. O estudo, publicado na revista Hydrobiologia, da Springer Link, revela a influência da relação entre o risco de predadores e a oferta de alimentos na decisão das fêmeas de onde depositar seus ovos.

Conduzido por pesquisadores dos Departamentos de Ecologia (Decol) e de Microbiologia e Parasitologia (DMP), o trabalho mostrou que as fêmeas do mosquito são capazes de identificar sinais químicos de peixes predadores e considerá-los juntamente com a disponibilidade de alimentos na escolha do local de oviposição. O experimento aponta que a presença desses sinais pode alterar essa inclinação, como foi observado na presença do peixe-barrigudinha (Poecilia vivipara), um predador potencial do Aedes aegypti.

Os pesquisadores apontam a importância dessas descobertas não apenas para a compreensão científica, mas também para a saúde pública, principalmente considerando o aumento alarmante de casos de dengue, zika e chikungunya no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, o país já registrou mais de três milhões de casos prováveis de dengue apenas nos primeiros quatro meses de 2024, o que evidencia a urgência em entender melhor o comportamento desse mosquito.

Para Jaqueiuto Jorge, pós-doutorando do Laboratório de Processos Ecológicos e Biodiversidade (LaPeb), compreender como o Aedes aegypti responde aos sinais de predadores e à oferta de alimentos é crucial para desenvolver estratégias mais eficazes de controle. Ele enfatiza a necessidade de abordagens integradas que considerem não apenas o uso de larvicidas, mas também fatores comportamentais que influenciam a reprodução do mosquito.

No entanto, os pesquisadores alertam que o estudo não aborda todos os aspectos do ambiente natural que podem influenciar o comportamento reprodutivo do Aedes aegypti, como a presença de competidores ou as características físicas e químicas dos habitats aquáticos. Por isso, sugerem a realização de experimentos de campo para uma compreensão mais completa desse fenômeno.

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