De Vargas aos momentos atuais. A vida do trabalhador sofreu várias mudanças. Conheça a história de um deles.
A origem do dia do trabalhador remete ao ano de 1886, inspirada em um movimento grevista de trabalhadores em Chicago, nos Estados Unidos, reivindicando melhorias nas condições de trabalho nas fábricas.
No Brasil, a data está relacionada ao movimento operário e às lutas sindicais que ocorreram no final do século XIX e início do século XX. Mas foi só em 1924 que um decreto do presidente Arthur Bernardes instituiu o dia 1º de maio como o dia oficial do trabalhador no Brasil, por meio do Decreto nº 4.859, vindo a ser comemorado pela primeira vez em 1925.
O 1º de maio entrou para o calendário como Dia do Trabalhador, assim como acontece em dezenas de países, em referência à luta por melhores condições de trabalho. Foi no governo de Getúlio Vargas que se transformou em Dia do Trabalho.
Foi também durante os Governos de Vargas que se estabeleceram importantes conquistas para a classe trabalhadora no Brasil. A instituição do salário mínimo no país, estabelecendo a remuneração mínima para todas as categorias profissionais (1940). Em 1943, o presidente sancionou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), até hoje considerada um marco para os direitos dos trabalhadores no país. Em 1954, já na segunda era Vargas, foi sancionada a lei que instituiu o 13º salário.
43 ANOS DE TRABALHO
Para um jovem da geração Z – nascidos a partir de 1990 – talvez seja difícil imaginar uma vida inteira trabalhando em uma mesma empresa. O sonho de uma carreira sólida e estável já não é um objetivo para as novas gerações.
Esse também não era um sonho do jovem Francisco das Chagas Fernandes, quando começou a trabalhar em uma livraria, em Mossoró, em 1976. Mas as oportunidades surgiram e ele não deixou passar nenhuma. “Quando foi fundada a Livraria Independência, eu comecei na cobrança.
Era pequena a livraria, então o dono lá me chamou e disse ‘olha, quando você não tiver fazendo cobrança, fica aqui no balcão para aprender. Aí, eu me esforçava demais. Fazia logo as cobranças e ia lá para o balcão com a curiosidade para ir aprendendo”.
De cobrador a balconista, Francisco se destacou também nas vendas e foi questão de tempo para novos desafios até chegar a gerência. “Eu fiz vários cursos, eu tenho uma pasta aqui cheia de diploma de tanta coisa de tudo que surgia de curso eu fazia. Relações humanas, competências para o futuro, técnico de dinâmicas de venda, curso de negociação para compradores e vendedores, seminário de legislação trabalhista, seminário de produtividade em venda de balcão, relações públicas e humanas aplicadas a vendas… Eu tenho quase 30 certificados e quem pagava era eu, a empresa não pagava não, surgia uma oportunidade eu fazia”.
Foi se dedicando, trabalhando sempre na mesma empresa, que ele casou, viu a família crescer, criou três filhas e conquistou a aposentadoria: “Aposentei em 2016 e ainda teve mais três anos que eu trabalhei aposentado já. Em 2019 eu me afastei porque estava realmente precisando viver mais um pouco. Não pode ser só trabalho, mas foi ótimo, graças a Deus, eu me orgulho e agradeço muito a empresa que me recebeu também”.
Perguntado sobre a visão dele sobre o comportamento das novas gerações, ele pondera: “Hoje é assim, as pessoas pulam muito. E eu acho também bonito assim, porque você não se acomoda.
Não foi meu caso, eu tive oportunidade onde eu estava. Se você não está tendo, aí tem que procurar uma outra coisa. Mas se você vai tendo aquela oportunidade de crescimento, não tem para que ir para outro, não é isso? É assumir a responsabilidade! Agora, às vezes, não tem oportunidade porque não procura também. Não quer se dobrar, não quer ter a responsabilidade”.
Antes de terminar, Tico – como é muito conhecido na cidade – ainda lembrou que trabalhar sempre foi um verbo presente em sua vida desde muito menino e ressalta que teve uma trajetória parecida com a do pai “Nasci em Patu, morava perto da estação de trem e pequeno a gente já trabalhava lá. Vendia picolé, vendia frutas. Depois a gente veio morar em Mossoró, e trabalhava na fábrica de óleo e tempero de um tio. Depois veio a oportunidade com carteira assinada na livraria e foi como meu pai. Meu pai também trabalhou numa mesma empresa muitos e muitos anos e se aposentou por essa empresa, a usina Alfredo Fernandes”.